O futuro
- Vitor Araujo

- 10 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
O futuro, que até há bem poucos meses parecia promissor, com planos de toda a ordem a médio e a longo prazo, chamou-nos violentamente à razão. Andávamos a esticar a corda em demasia. Sabíamos disso, mas como é hábito fazíamos orelhas moucas. Ironicamente, iriamos dar bom uso a estas e muito mais rapidamente do que pensávamos. O que não serve para utilizar como função principal, que é escutar os muitos avisos que foram soando, terá de servir forçosamente para algo bem mais prático e simples...(segurar com elásticos as máscaras, onde se escondem as fraquezas não assumidas).
O futuro que concebíamos como sendo invariavelmente longínquo e demorado, passou praticamente a cingir-se ao imediato e ao instantâneo (qual mousse de fast-food plena de cor mas sem sabor), porque de facto, fomos confrontados com a fragilidade do ser que somos em contraponto com o SER candidato à imortalidade, que julgávamos um dia poder vir a criar. Provocamos em demasia o silencioso e ainda misterioso equilíbrio do mundo, como se fossemos deuses do tudo e do nada, julgando poder intervir e alterar esse equilíbrio, sem sofrer as consequências de tal atrevimento.
O futuro terá de passar pelo regresso a um passado mais simples, aquele que teimosamente tentamos esquecer e apagar da memória, reaprendendo o respeito pela natureza e pela ordem natural de todos os seus elementos, não a questionando, alterando e agredindo. O ser humano não pode ser o todo (muito menos o todo-poderoso), mas sim uma pequena parte desse todo, contribuindo com o mérito das muitas inovações que lhe são atribuídas e reconhecidas, para alcançar a tal felicidade terrena, aparentemente inalcançável...apesar desta estar quase sempre ali...à distância de uma qualquer mão de semear.





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